Monday, July 28, 2008

O Monólogo da Mente Humana pt. VII

Monólogo entre Multidões

- Com licença. Ups! Desculpe! Oi deixem passar! – Caraças! Quando uma pessoa se mete no centro do formigueiro, apercebe-se que não passa mais de uma delas. Umas guerrilheiras, outras carregadoras, aventureiras, difusoras de mensagem, todas com uma função. Eu simplesmente sou daquelas formigas que são pisadas, e depois quando observas mais atentamente andam sem rumo, sem nexo, desorientadas. Ao menos isso, sem uma função destinada pois andamos constantemente a ser “pisados” pela sociedade. – Um cigarro? Só tabaco de enrolar. – Não dá para perceber... Uma pessoa é simpatica na medida do possivel das circustancias e mesmo assim conseguem-te renegar no meio do altruismo. Será mesmo assim? Incentivam-nos a ser seres egoistas sem olhar pelo próximo?

- Humm, não obrigado. Mas... Não, eu só queria saber onde fica onde fica o cemitério... Não eheh é apenas um ponto de referencia. – Mas o que é que estas pessoas têm na cabeça? Ou será que não têm mesmo nada, e tomam rédeas duma conversa simples com base no estereotipo. Queres um cigarro, queres dinheiro, bolas, uma informação! Ou tambem estou a “cravar” intelectuo? – Ok, obrigado. Boa tarde. - Tantas suposiçoes e entraves mentais a um dialogo de tempo util de menos 10 segundos que eventualmente demorou 2 minutos sabe-se lá bem porquê.

Epa isto está apinhadissimo. Está ali o Jonhy, o Marcos, a Silvia e a Joana, de resto não vejo caras familiares. – Hey! Eheh então pessoal! Tudo porreiro por aqui? Alright, vamos lá curtir! – Alcool, drogas e sexo, vá rápido! Ahah, é aqui que se despega totalmente de algum tipo de preconceito e se deixa evaporar em forma de felicidade. – Marcos! Passa-me aí essa cerveja! Obrigadão pá! – Grande gente esta que compartilha da mesmo “modus operandi” que eu, apesar de em cada apinhamento de pessoal ter um concerto privado, uns temas próprios, um conceito defenido, uma vibração única. Uma grande paixão unia esta gente, o Marcos, o Jonhy, a Silvia, a Joana e as dezenas de pessoas circundantes. Era a paixão pela vida. Ter que sorrir só porque é bonito, ou porque é tonto, ou porque tem piada. – Elá, mais uma? Eheh hoje é dia de festa? ... Olha brinde a isso! Aos belos serões! – E rir porque se está entre gente que pouco puluidos estão pela sociedade e guardam consigo uma boa vontade que naturalmente nasce conosco e vai sendo adulterada durante a nossa estadia enquanto seres vivos. Pessoas genuínas com ideias não pre-concebidas. Não como aquela do cigarro, que me deve ter feito o historial da minha vida em 5 segundos .

- Tem que ser... eu sei que isto está bestial, mas tenho que ainda ter com um bacano... combinei com ele ao pé da casa dele, depois não sei se ficamos pelas redondezas, ou se voltamos, depois aviso descança! Vá divirtam-se! – Porra! Não me estava nada a apetecer sair deste mini-mundo, os tais escapes, que andam sempre por aí.

Espero que não esteja transito, se não fico a ganhar raizes ao banco e a vegetar. São tão monótonas as viagens longas em que independentemente da minha vontade tenho de aturar as mais variadissimas pessoas com os seus complexos. A velha que se queixa ao ar das suas varizes. A miudinha perplexa a olhar atentamente as trivialidades como a velha. E o homem ao meu lado que tem medo do mundo, timidamente foca os seus pés. Não percebo muita gente de hoje em dia, que quando anda, olha para os pés ao mesmo tempo. Como é que eles reparam do bacano que fez o pino em cima do poste, das raparigas jeitosas a atrevassar a rua, e o sol a bater nas janelas das moradias? Qual é o medo de tropeçar quando podes bater de cabeça? – Quer se sentar? Venha para aqui. – Dois em um, faz-se a boa acção do dia e saio de ao pé de dois deprimidos, a miudinha é feliz da vida porque ainda é ingenua. Infelizmente cada vez os miudos estão mais “rebeldes”, eu diria que estão formatados cedo de mais.

- Desculpe. – E o resto da viagem em pé, debaixo de inúmeros sovacos resigno-me a esperar pela paragem.

- Finalmente, ar fresco e mais um poluente anicotinado. – Bem... agora se não me engano é depois daquela esquina à esquerda, lá fica a casa dele, o bar deve ser perto. Esta zona da cidade é bem mais caricata e sombria, lá já fazia mesmo noite sem nenhuma iluminação artificial, a penumbra era composta por réstias de luz das salas de jantar, quartos, casas de banho e o tal bar no fundo da rua.

- Ora boas! Como está o senhor Pedro? Eheh ... Sempre em forma! Siga lá dentro pedir qualquer coisa pra molhar a goela. – O bar nem era mau de todo, refundido da cidade mas outro mini-mundo. – Isto é muito psicadelico eheh, tá altamente este bar! E a música também é porreira. – Parecia um ajuntamente de pequenos conhecedores do bar, tudo muito familar, quase dava pra sentir em “casa”. – São duas imperiais se faz favor... então Pedro, como é que descobriste isto? Este cantinho perdido. – Oh pois claro eheh, é mesmo ao pé da casa dele. – Tens é uma grande sorte, em ter um espaço destes nas redondezas. – E há quem faça kilometros so para aqui vir, olha eu. Acho que o sitio não faz o ambiente mas sim as pessoas. Mas este lugar é diferente, tem já uma ambiência residente, onde só te podes juntar a ela, nunca mudar. – Toma, ‘tá aqui o isqueiro. – Até os cigarros queimam sensualmente, o fumo desliza no ar e nos focos de luz colorida dando uma perfeita fotografica a cada milesimo de segundo. – Já estás de férias? ... Chatice, eu estou quase, mais uma semanita e adeus cidade. Ninguém me mete os olhos em vista eheh.

- Que horas são? ... Já? Bolas! Estive tão entretido que nem dei conta com o tempo a passar eheh. Obrigadão por este bocado pá! Mas tenho que bazar antes que fique sem transportes publicos... Tu tambem! Fica bem Pedro! Tchau aí!

Entre multidões desloco-me eu para onde quer que queira, o que me faz mais confusão mesmo, é imaginar estes mesmos monólogos multiplicados por centenas no mesmo espaço. A quantidade de barulho virtual que existiria num mundo paralelo dos pensamentos. Seria doentio estár num estádio! Se as pessoas já berram lá, imagino nos pensamentos! O estádio colidiria concerteza. Mas ainda bem que cada um tem acesso ao seu canal privado, e pelo que me parece já existe um nome pra estas conversas mentais, telepatia chamam-lhe. Sem palavras fisicas, poder comunicar com outro ser através da mente. Há quem comunique com o silêncio, com o olhar, com gestos, mas com a mente é um desafio de nível superior, isto se é que é possivel.
O velho a mascar o próprio catarro, a mãe a dar o raspanete à filha por ter tirado uma negativa, a filha com ar de poucos amigos. E eu, a olhar lá para fora, e aleatóriamente a espreitar entre o reflexo do espelho para o redor do autocarro.
- parte sete -

2 comments:

Anonymous said...

o q mais odeio na multidao portuguesa, é q andam todos muito devagar!


*

Cláudia said...

levei o teu blog comigo.....
:p

já agora: também odeio pessoas