O Monólogo Psicótico
Tu recuas como se tivesses medo de qualquer coisa que não existe, adulteras-me de modo a teres os teus sentidos mais apurados de alguma maneira. Já não te consigo controlar, só te posso ajudar-te a aventurar no desconhecido. – Épa! Mas aonde é que nos fomos meter? Alguém sabe como depois voltar? – não entres em pânico, é desnecessário, não sou eu que te vou indicar caminho algum, toda a memória a curto prazo tornou-se vaga e pouco concrecta, o tempo torna-se como os carrinhos de dar á corda, paras no tempo, e dás corda, e mais e mais e mais e mais, até que sentes que chega um ponto onde já não estagna mais o tempo, e aí deixas o carrinho partir. Tenho de processar horas de pura desconcentração de modo a tracejar um plano espaço-temporal que me diga porque estou aqui agora! – Então mas, o que é que estamos aqui a fazer? - Ri-se tudo como se estivessemos num circo, mas era mais um freak show, ninguem fazia malabarismos, era tudo visualmente apelativo e não tinha de existir por ventura nenhuma razão especial para debitar-mos décibeis de gargalhadas.
- Já vi que é inutil resistir, e realmente, o que interessa onde estamos quando o que importa é como estamos, deixem-me atestar outra vez a cabeça! – Mais uma vez zombificar-me para se demonstrar no aspecto fisico, mas pronto, tambem te estas nas tintas para o fisico por isso, porque não? Ahhhh o doce sabor da irrequietude anestesiada. Fazes-me cócegas cá dentro, fico dormentemente adormecido e sigo o roteiro sem destino. – Não! É parvo, as linhas horizontais que rasgam o céu, não são nuvens, são rastos humanos voadores que rompem e deixam a sua marca pela mastejidade imperial do reino dos céus. – Tudo fazia sentido sobre um plano de pensamentos complementares numa matéria sem nexo nenhum. Tinha de ser assim, toda a ligação entre o lógico e o real tinha apenas uma sombra de distância.
Deambulemos para ali, a serenidade visual que o retiro apresentava, desencadeava uma súbita vontade de pernacer horas em pura meditação fingida, só para eu descançar um bocadinho, focas o infinito mais próximo de ti e petrificas os movimentos ao ponto de so pestanejares. – Hey! Para ali! Há uma arvore ali! – Mas é só uma arvore... – Vá vamos, não vá aparecer ninguem para nos roubar o lugar! – Eh só nós compreendemos a iguaria que está presente dos nossos olhos, como costumam dizer, a beleza é subjectiva. – Ah, mas não querem vir? Então eu estou por ali, já nos encontramos de novo. – Quase semi concretizado o objectivo, só faltava a parte fulcral do processo. A arte de divagar. Nunca é verdadeiramente facil nem dificil nas determinadas alturas conseguir por tal acto em prática. Vês gente que anda, gente que não anda, gente que se senta, gente que fala, gente que come, gente que bebe, gente que fuma, gente que cai, gente que está frustrada por ter perdido algum objecto pessoal, gente que cái de novo, não gente a cagar no chão, gente a apanhar o cagalhoto dos não gente. É tudo muita gente mas ao mesmo tempo não são ninguem. Gente faz-me lembrar muitas pessoas, talvez da terriola, que cultiva batatas e cenouras. Estas pessoas não são gente, são seres vivos formatados cerebralmente desde a nascença até que morrem, vivem constantemente ligados a um canal de lavagem cerebral, como se tivessem umas antenas no topo da cabeça que captasse tudo o que é entulho e assimilassem como uma verdade irrefutável.
- (suspiro) – ... A vida não pode ser assim. Pelo menos creio que existam pequenas comunidades que vivem em harmonia sem toda a sujidade da sociedade. Nómadas sedentários que ficam para onde vão.
5 comments:
gosto muito destes monologos!
(já ando por cá pelo menos há um ano....este blog já sofreu várias metamorfoses)
bisou**
eu gostava de ser nómada. mas vou antes ser designer de moda...
T.N.T. nao tinha pensado nisso. é uma coincidencia engraçada (essas coisas existem?)
*
e existem. bastantes. comunidades. comunas. familist�rio.
(tive a ver o teu tio em videos, que fritaria...)
foda-se não queres escrever mais? vou ler, espera
que fofo "descançar". este e' o teu melhor texto porque explica a monotonia do conformismo e sedentarismo dos dias de hoje, desde a influencia televisiva ao nossos antepassados que deixaram as duas ideias fixas chegarem ate' a nós, porém algo que as pessoas precisam hoje em dia e' divagar mais e serem mais românticas. no fundo queria dizer isto duma maneira melhor, mas tou com pressa e não sou la' muito bom a organizar ideias por isso saiem lixos mentais desorganizados. a ver se a gente se vê pa beijinho
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